Pratylenchus brachiurus
Introdução –
Nos últimos anos, os nematóides das lesões radiculares têm causado danos elevados e crescentes, além de perdas econômicas extremamente preocupantes em diversas culturas e em várias regiões do Brasil, especialmente no Cerrado (região Centro-oeste).
O Mato Grosso é o estado mais afetado com 96% das suas áreas com a presença do nematóide das lesões. As principais causas desse aumento da importância econômica são os seguintes fatores: · Cultivo contínuo de uma mesma espécie vegetal, principalmente monoculturas de soja, algodão ou feijão; · Rotação ou sucessão com culturas que são boas hospedeiras do nematóide (maioria dos genótipos de soja, feijão, algodão, milho, sorgo e de diversas gramíneas forrageiras, além de muitos genótipos de girassol e milheto, etc.); · O sistema de "plantio direto" ou cultivo mínimo, mantendo o solo com umidade mais elevada e sem exposição ao sol condições essas adequadas para os nematóides; · Uso mais freqüente de solos com textura arenosa ou média; · Uso de irrigação, que viabiliza até três safras anuais nas áreas com este recurso; · Desbalanço nutricional; · Ocorrência simultânea de outros fitonematóides e de outros patógenos como Fusarium oxysporum e Rhizoctonia solani, que se aproveitam dos danos às raízes, aumentando a severidade de podridões ou de murchas vasculares. A sucessão milho-soja é considerada a pior no sentido de favorecer o aumento populacional do nematóide, pois este dispõe oito a nove meses em cada ano com culturas favoráveis a sua reprodução.
Ainda não se tem notícias no mercado de cultivares de soja resistente a esse nematóide. Atualmente a principal técnica adotada como solução é a rotação/sucessão da soja com adubos verdes como a Crotalária spectabilis e Crotalária breviflora, que além de serem plantas não hospedeiras contribuem para a manutenção de nutrientes no solo.
Principais sintomas –
Devido à destruição das células na alimentação e movimentação do nematóide, tem como principais sintomas as lesões, que se caracterizam por pequenas manchas de tonalidade escura na superfície da raiz e que contrastam com os tecidos sadios.
Figura 1 – Raízes com lesões causadas por Pratylenchus Brachiurus.
Plantações infestadas pelo nematóide das lesões geralmente não apresentam reboleiras muito nítidas e sim plantas subdesenvolvidas e com folhas amareladas ao lado de plantas com sintomas mais moderados. Apresenta desuniformidade na lavoura.
Figura 2 – Lavoura atacada por Pratylenchus Brachiurus, com sintomas de amarelecimento e desuniformidade.
Morfologia –
São nematóides com menos de 1 mm comprimento, machos e fêmeas vermiformes. Ambos os sexos possuem uma região labial e o estilete desenvolvido.
Figura 3 – Detalhes do estilete e da calda de Pratylenchus Brachiurus.
Ciclo de vida –
Todos os estágios larvais e os adultos são infectivos/migradores e a penetração pode ser inter e intracelular, por ação mecânica e enzimática. São próprios de solos arenosos e de temperaturas elevadas. Geralmente ocorre uma baixa população no solo e alta na raiz. Os ovos são depositados nas raízes ou no solo. O período embrionário varia de 6 a 8 dias a uma temperatura de 28 a 30ºC. A primeira ecdise tem lugar no interior do ovo e as outras três ocorrem fora dele. Machos e fêmeas emergem em 29 a 32 dias, porém em baixas temperaturas o ciclo de vida pode ser retardado. Na ausência do hospedeiro podem sobreviver no solo úmido por mais de 8 meses. Fonte – FMC www.nematoides.com.br
Figura 4 - Ciclo de vida de Pratylenchus spp.
Principais hospedeiros –
Soja, braquiárias, sorgo forrageiro, milho, algodoeiro, cana-de-açúcar, amendoim, feijoeiro, caupi, mandioca, arroz, Crotalária juncea, mucunas e diversas plantas invasoras.
Disseminação –
Acredita-se mais ainda não há estudos comprobatórios que o Pratylenchus brachiurus seja um constituinte da fauna original da vegetação primária do Cerrado e Floresta Amazônica, porém, atualmente os principais meio de disseminação são máquinas e implementos agrícolas.
Medidas de controle: INOMOTO, 2008 sugere algumas medidas:
A- Flexibilização do plantio direto: Arar ou gradear o terreno após a colheita da soja, ou antes, do plantio da cultura; B- Plantio de milheto na primavera: Uso de milheto que é um mau hospedeiro de Pratylenchus nos meses de setembro e outubro. C- Uso de forrageiras desfavoráveis na integração lavoura pecuária: pode se usar como opção aveia preta, Brachiaria humidicola ou B. dictyoneura. D- Suspensão da cultura da safrinha: usar plantas más hospedeiras como girassol e evitar milho, sorgo e algodão. E- Sucessão ou rotação com Crotalária spectabillis e C. breviflora: esses culturas além de reduzir Pratylenchus sp. também reduzem o nematoide do cisto (H. glycines) e o nematoide das galhas (M. javanica e incógnita). F- Redução da disseminação de P. brachiurus: lavagem dos maquinários e realizar operações primeiramente nos talhões não infestados e somente depois nos talhões infetados. G- Adoção de cultivares resistentes: atualmente só existem cultivares moderadamente resistente a P. brachiurus, entre eles podemos citar BRSGO 204, BRSGO Chapadões, BRS Aurora, porem devido ao seu grau moderado de resistência devem ser adotados somente em áreas com baixa infestação de P. brachiurus.
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